NOTÍCIAS

Presos por assassinato de vigilante em Maceió são inocentados e Justiça revoga prisões

Três homens ficaram presos injustamente por mais de 60 dias. Após prisão de outras três pessoas que confessaram, polícia pediu a revogação da prisão dos inocentes.


icon fonte image

  Fonte: G1 AL - Por Cau Rodrigues

Foto feita pela perícia no dia em que o corpo do vigilante Wyllams Meira Feitosa foi encontrado, em Ipioca, foi anexada ao inquérito policial

Foto feita pela perícia no dia em que o corpo do vigilante Wyllams Meira Feitosa foi encontrado, em Ipioca, foi anexada ao inquérito policial   Foto: Polícia Civil

Postado em: 12/04/2019 às 22:32:52

Três homens que tinham sido presos injustamente pelo assassinato do vigilante Wyllams Meira Feitosa em Ipioca, Maceió, em fevereiro deste ano, tiveram as prisões revogadas pela Justiça nesta semana depois que a polícia reconheceu que eles eram inocentes. O G1 teve acesso ao processo nesta sexta-feira (12).

Misael Aleixo dos Santos, 32, conhecido como "Mi"; Anderson da Silva, 26, conhecido como "Ando" ou "Andinho"; e Manoel Messias dos Santos, 25, passaram pouco mais de dois meses presos e sempre negaram envolvimento no assassinato. Agora, a Justiça decretou que eles não são mais suspeitos neste crime.

A família de Misael comemorou a decisão. "Meu irmão sempre mostrou a inocência dele. Tanto eu quanto a minha avó confirmamos que ele dormiu em casa [na noite do crime], mas era a nossa palavra contra a da polícia", disse Marcilene Aleixo dos Santos, em entrevista por telefone nesta nesta manhã.

A decisão judicial ressalta que os presos só podem ganhar liberdade caso não haja prisão determinada em processos por outros crimes. A Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) informou à reportagem nesta tarde que os três continuavam presos.

A polícia pediu a revogação das prisões depois que conseguiu prender outros três homens no final de março, que acabaram confessando: José Ronaldo Pimentel dos Santos, Wagner Almeida dos Santos e Edinelson Santos do Nascimento (este último participou indiretamente do assassinato).

José Ronaldo e Wagner foram indiciados por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, crueldade e impossibilidade de defesa da vítima. Já Edinelson Nascimento foi indiciado como partícipe do crime de homicídio, porque repassou a escala de trabalho da vítima para os executores.

O motivo, segundo a investigação policial, foi que a vítima denunciou ao dono do hotel em que trabalhava que funcionários estavam furtando no bar do estabelecimento. E isso acabou resultando na demissão de vários funcionários, entre eles José Ronaldo.

De acordo com a polícia, José Ronaldo disse que não premeditou o crime, e que somente no local resolveu matar a vítima com golpes de facão, sem no entanto se recordar quantos golpes efetuou. Disse ainda que a faca encontrada no local do crime foi utilizada por Wagner, que também golpeou a vítima. O facão utilizado teria sido descartado em um rio próximo.

"Diante do esclarecimento dos fatos, solicito que Vossa Excelência revogue as prisões temporárias de Manoel Messias dos Santos, Misael Aleixo dos Santos e Anderson da Silva, expedindo os consequentes Alvarás de Solturas, uma vez que não figuram mais como suspeitos do crime", diz trecho do pedido de revogação de prisão assinado pelo delegado Bruno Emílio no dia 31 de março.

A liberdade dos três presos injustamente foi determinada pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Capital, Sóstenes Alex Costa de Andrade, na última terça (9).

"De fato, a prisão temporária outrora decretada não mais se releva profícua às investigações em relevo, posto que os representados não figuram mais como suspeitos do crime em comento, motivo pelo qual sequer foram denunciados pelo Órgão ministerial", diz trecho da decisão do magistrado.

O advogado que representa Misael informou que vai se reunir com a família para decidir se haverá alguma ação judicial contra o Estado.

"Após tranquilização da família com o retorno do réu inocente, a família irá avaliar a possibilidade de processar o Estado pela responsabilidade civil de cercear a liberdade de 3 inocentes por 66 dias", afirmou o advogado Geraldo Carvalho.

Comentários

Escreva seu comentário
Nome E-mail Mensagem