Morre em Maceió, ao 93 anos, o ex-deputado federal Antônio Ferreira
O sepultamento está marcado para esta sexta-feira(15), no Parque das Flores, na capital alagoana.

Fonte: Por Helio Fialho

Ex-deputado federal Antônio Ferreira Andrade Foto: Reprodução/Redes sociais
Morreu na tarde desta quinta-feira (14), aos 93 anos, em Maceió, o ex-deputado federal Antônio Ferreira Andrade, em consequência de infarto. Segundo informações, ele estava se recuperando de uma síndrome gripal. Há muitos anos ele residia com a família na capital alagoana.
Em Alagoas, Antônio Ferreira Andrade, conhecido popularmente como “Tonho Ferreira”, foi deputado estadual (MDB), no período de 1971 a 1975. Em seguida, se elegeu deputado federal, tendo uma carreira política muito bem sucedida..
Ele teve uma brilhante atuação na Câmara dos Deputados, chegando a ser um dos constituintes (1987 a 1988). Seus mandatos foram: 1975 a 1979 (ARENA); 1979 a 1983 (ARENA); 1987 a 1991 (PFL) e, na qualidade de suplente, assumiu como deputado federal (PMDB), no dia 04 de janeiro de 1999. Na Assembleia Nacional Constituinte, ele participou de algumas comissões permanentes, dentre essas: Comunicação (1975) e Minas e Energia (1975) e subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, e da Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher.
Dentre muitos projetos de lei e proposições de sua autoria, apresentadas na Câmara Federal, estão: Contratação de psicólogos pelos estabelecimentos de ensino; Criação do Dia do Empresário (Declara Delmiro Gouveia, o patrono da indústria nacional); criação, no estado de Alagoas, de uma diretoria da Companhia de Desenvolvimento do vale do São Francisco (Codevasf). Como deputado federal conseguiu ajudar vários municípios alagoanos, principalmente Pão de Açúcar, Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios, com recursos de emendas ao Orçamento da União.
Em Pão de Açúcar, muito ajudou aos prefeitos Elísio da Silva Maia (1983 a 1988) e Elísio Sávio dos Anjos Maia (1989 a 1992), com recursos específicos para a construção do cais (orla fluvial), “Cohab Nova” e pavimentação de ruas (calçamento), sendo estas casas populares construídas no antigo “Campo de Cima”.
É importante destacar que, como deputado estadual, Antônio Ferreira conseguiu a nomeação de vários servidores do estado de Alagoas, incluindo vários professores. Com isso, ele conseguiu muitos empregos para jovens de Pão de Açúcar e de todo o sertão.
Devoto fervoroso de Frei Damião de Bozanno, criou, no dia 03 de maio de 1984, em Palmeira dos Índios, a Fundação Frei Damião de Assistência Social, sendo o presidente desta entidade durante muitos anos.
Reprodução/Redes sociais
Sepultamento
Segundo informações de um parente do falecido, o sepultamento está marcado para esta sexta-feira (15), às 10 horas da manhã, no Memorial Parque das Flores, no Benedito Bentes.
Antes da vida política
Antes de ingressar na política, Antônio Ferreira, ao lado dos irmãos Pedro, Paulo e Joaquim, participaram da construção da famosa “Hidrelétrica de Paulo Afonso”, onde conseguiram empregar muitos moradores de Pão de Açúcar (AL) e de outros municípios alagoanos. Nesta época, os irmãos Ferreira Andrade conseguiram ganhar muito dinheiro e tornaram-se milionários. E quando chegavam a Pão de Açúcar, nos fins de semana, eles faziam doações às pessoas pobres, que faziam grandiosas filas à porta da residência oficial destes empresários da construção civil, em busca de ajuda financeira, o que resultou em grande promoção política para Antônio Ferreira e Pedro Ferreira, os quais tornaram-se deputados.
Já seus irmãos Paulo Ferreira e Joaquim Ferreira chegaram a assumir como prefeito de Santana do Ipanema (AL) e tornaram-se lideranças fortes no município santanense.
Conhecendo Antônio Ferreira
Antônio ferreira Andrade nasceu em Desterro, estado da Paraíba, no dia 31 de maio de 1929, filho de José Francisco de Andrade e Quitéria Digna das Neves.
Formou-se em 1952 como técnico de estradas pelo Instituto Carneiro Leão, em Recife, e a partir de 1956 radicou-se em Alagoas, onde trabalhou como engenheiro e empresário no setor de construção civil.
Iniciou sua carreira política em 1965 como deputado estadual. Em novembro de 1970 candidatou-se à reeleição na legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado em 1964, e ao longo do novo mandato foi vice-presidente da Assembleia Legislativa, presidente da Comissão de Agricultura, Viação e Obras e membro suplente da Comissão de Constituição e Justiça e Fixação de Forças. Ao final da legislatura filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao governo, e nessa legenda elegeu-se deputado federal em novembro de 1974.
Assumindo o mandato na Câmara em fevereiro de 1975, participou dos trabalhos legislativos como membro titular da Comissão de Minas e Energia, suplente da Comissão de Comunicação, e membro, ainda, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Reservas Indígenas, da CPI sobre Especulação Imobiliária nos Grandes Centros Urbanos e da CPI sobre a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Em novembro de 1978 reelegeu-se deputado federal, tendo como principal base eleitoral o interior do estado, e contando com o apoio de prefeitos e líderes políticos dessa região. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a consequente reorganização partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS). Em 1981 foi membro da CPI sobre a reforma do ensino de primeiro e segundo graus. Derrotado nas eleições de novembro de 1982, deixou a Câmara em janeiro de 1983.
Reprodução/Redes sociais
Voltou à política elegendo-se deputado federal constituinte em novembro de 1986, agora na legenda do Partido da Frente Liberal (PFL). Empossado em fevereiro do ano seguinte, quando tiveram início os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), atuou como segundo vice-presidente da Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher, e suplente da Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Financeira, da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Na votação das principais matérias em pauta na Constituinte, votou contra o rompimento de relações diplomáticas com países com política de discriminação racial, a criminalização do aborto, a jornada semanal de 40 horas, o turno ininterrupto de seis horas, a unicidade sindical, a nacionalização do subsolo, a estatização do sistema financeiro, a limitação dos juros reais em 12% ao ano, a limitação dos encargos para a dívida externa, a criação de um fundo de apoio à reforma agrária e a desapropriação da propriedade produtiva. Manifestou-se favorável à proteção ao emprego contra as demissões sem justa causa, ao aviso prévio proporcional, à soberania popular, ao voto aos 16 anos, ao presidencialismo, ao mandato de cinco anos para o presidente José Sarney e à anistia aos micro e pequenos empresários. Pautou sua atuação segundo os compromissos assumidos com o empresariado da construção civil, demonstrando afinidade ideológica com a União Democrática Ruralista (UDR).
Presidiu a Fundação Frei Damião de Assistência Social e, como representante da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, viajou para a República Federal da Alemanha a convite do Ministério da Agricultura e do Parlamento desse país. Em janeiro de 1991, concluiu o mandato sem ter tentado reeleger-se. Dedicou-se à construção civil em Alagoas e, em outubro de 1994, disputou mais uma vez uma vaga na Câmara, mas obteve apenas uma suplência. Exerceu o mandato em janeiro de 1999, no último mês da legislatura. Não disputou as eleições de outubro de 1998, e, desde então se manteve afastado de quaisquer atividades políticas.
Antônio Ferreira Andrade casou-se com Sheila Teresa Barbosa Meneses, com quem tem um filho.
Ao tomar conhecimento da morte do amigo, o presidente da Academia de Letras de Pão de Açúcar (Alepa), Giuseppe Gomes, publicou uma homenagem póstuma, na página da entidade no Facebook. Antônio Ferreira foi grande amigo do comerciante Jurandir Gomes da Silva e, por isso, era frequentador assíduo da loja " Triunfante", de propriedade do pai de Giuseppe Gomes. Para quem não sabe, a Triunfante,, de Jurandir Gomes, era um dos mais frequentados pontos de encontro dos políticos pão-de-açucarenses. "Recebi com muita tristeza, a notícia sobre o falecimento do amigo Antônio Ferreira. Iniciamos um ciclo de amizade muito intenso, desde a sua chegada à Pão de Açúcar, oriundo da cidade de Desterro/PB, em meados dos anos sessenta, que perdura até os dias de hoje. Homem íntegro, caráter ilibado, adotou nossa terra como se sua fosse, constituindo aqui centenas de amigos e uma bela família. Foi nosso representante político por longos anos, sempre preocupado com projetos que trouxessem alento, especialmente aos menos favorecidos. Sem o pecado da vaidade, jamais reivindicou paternidade às suas realizações, deixando que o povo o fizesse, o que nem sempre aconteceu. Ficam as nossas imorredouras saudades e a certeza de que deixa para nós, o exemplo de uma vida digna e honrada!"
O deputado Antônio Ferreira com a esposa Sheila (centro), ladeados por personalidades políticas e respectivos familiares, em um evento na cidade
de Pão de Açúcar. Nesta foto (logo após Antônio Ferreira, estão vários adultos: prefeito Antônio Gomes Pascoal, ministro Augusto de F. Machado
e Joaquim Ferreira; Da esquerda para o centro: vereador João de Luzia, Álvaro Antônio Machado, vereador Piduca, deputado Pedro Ferreira.
As demais pessoas não foram identificadas nesta foto. Reprodução/Arquivo de Nireide Machado/Cortesia.
(Matéria atualizada, para inclusão de informações, às 11h24min, em 15/07/2022.
FONTES: ASSEMB. NAC. CONST. Repertório (1987-1988); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1975-1979, 1979-1983); COELHO, J. ; OLIVEIRA, A. Nova; Correio Braziliense (18/1/87); Folha de S. Paulo (19/1/87); INF. BIOG.; NÉRI, S. 16; Perfil (1980).
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