Escritor Antônio Pinto entrega Projeto de reforma, recuperação e restauro do antigo cemitério de Pão de Açúcar

Na última quarta-feira (19), o escritor, pedagogo, artista plástico, especialista em restauração de esculturas e monumentos, Antônio Pinto dos Santos, protocolou, sob o número 0419003/2023, seu Projeto de Reforma, Recuperação e Restauro do Cemitério São Francisco de Assis (antigo cemitério de Pão de Açúcar).

O referido projeto, segundo o autor, “propõe reformas, recuperação e intervenções urgentes naquele espaço sagrado, para que as obras de arte consigam sobreviver e permanecer em pé, tornando-se um local de visitação dos familiares, estudiosos e pesquisadores”.

Protocolo que confirma a entrega do Projeto de reforma, recuperação e restauro do antigo cemitério.

“[...] analisando as construções consideradas históricas da nossa cidade, pude observar que poucas permanecem em pé, as demais  foram demolidas e deram espaços  para as  edificações mais práticas, econômica e talvez modernas. Mas o cemitério antigo continua no  mesmo lugar, num cenário de total descaso público. [...] muros caindo, pintura vencida, túmulos totalmente danificados e propensos a ruir;  a maioria não possui a identificação do falecido e  sua origem. As imagens ou cruzes estão se despencando, muitas já estão caídas; todas esculturas monumentais corroídas  pela ação do tempo e por falta  de manutenção constante do  proprietário, ou da Prefeitura. Nesse interim, questiona-se:  de quem realmente  é a responsabilidade, apenas do poder público ou dos familiares dos mortos ali enterrados? [...] em muitos dos casos, a manutenção periódica, que poderia evitar muitos danos irreparáveis  ao equipamento público, é negligenciada e cede lugar às intervenções  de emergência, com  serviços ruins, realizados  às  pressas e agressivos ao patrimônio histórico local. Por isso, a administração pública da cidade, que se apresenta dinâmica, precisa ver que há grande necessidade de implantar um projeto com pessoas  qualificadas, capazes de avaliar, reformar e transformar a situação do cemitério que está  em estado de degradação, tanto interno como externamente, num  espaço turístico,  histórico e religioso”.

Antônio Pinto com o secretário municipal de urbanismo, Sérgio Barbosa Correia. 

Antônio Pinto com o secretário municipal de Cultura, Igor Luiz Rodrigues 

E, na última quinta-feira (20), Antônio Pinto, após ter sido recebido pelos secretários Sérgio Barbosa Correia (Secretaria Municipal de Urbanismo) e Igor Luiz Rodrigues Silva (Secretaria Municipal de Cultura), entregou em mãos cópias deste projeto que, sendo executado pela Prefeitura de Pão de Açúcar, dará contribuição significativa à cultura e ao turismo de Pão de Açúcar, por tratar-se de reforma, recuperação e restauro de um patrimônio público que teve sua inauguração no ano de 1834, cujo terreno foi doado pelo major Manoel Caetano de Aguiar Brandão, sendo este o avô materno do famoso historiador, poeta e jornalista alagoano, pão-de-açucarense,  Francisco Henrique Moreno Brandão.

Ainda sobre o Cemitério São Francisco de Assis, consta no livro História e Efemérides (Fato 114), do autor Aldemar de Mendonça, que o Imperador Dom Pedro II, quando de sua visita à Cachoeira de Paulo Afonso, ao pernoitar em Pão de Açúcar, nos dias 17 e 22 de outubro de 1859, fez doação da quantia de 700$000 (setecentos mil réis), destinada às obras do cemitério que, com 25 anos de sua inauguração, continuava precisando de melhorias, naquela época, o que não é muito diferente de hoje, passados 189 anos de sua inauguração.

É importante destacar que este projeto, de autoria do pão-de-açurense Antônio Pinto, tem amparo na Lei Orgânica do Município de Pão de Açúcar, datada de 06 de abril de 1990, que diz, no Capítulo III, Seção I, da Cultura, em seu artigo 128, Parágrafo Único: “Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos na forma da lei, que disporá sobre sua proteção”.

Já no Capítulo III, da Política Urbana, Seção I, da Disposição Geral, em seu artigo 53, diz que “A política de desenvolvimento urbano será executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei”. E no artigo 54 está escrito que “A ocupação do solo urbano terá seus critérios estabelecidos em política própria, que tenha por objetivo preservação e recuperação do cultural e histórico” (inciso IX).

Foto de capa do projeto de autoria do artista Antônio Pinto dos Santos

Aproveito para parabenizar Antônio Pinto, meu amigo e confrade, por ser ele o autor deste  oportuno e tão importante projeto, que é merecedor de destaque no Notícia Quente, para que a população tome conhecimento desta brilhante ideia.

Espera-se que, com a mesma empolgação que o referido projeto foi recebido pelos secretários Sérgio Correia e Igor Luiz, o prefeito Jorge Dantas o receba, também, e autorize urgentemente a execução das necessárias obras, pois, assim fazendo, evitará que o Cemitério São Francisco de Assis tenha o mesmo destino que teve o antigo sobrado onde se hospedou o imperador Dom Pedro II (Paço Imperial), que hoje tem quase a totalidade de sua estrutura física comprometida e irrecuperável.

No conto “Necrópole”, de minha autoria, tem um parágrafo que diz: “a necrópole não guarda somente corpos em decomposição, esqueletos, mausoléus, covas rasas, cheiro de vela, silêncio sepulcral, choro, tristeza e saudade. A Necrópole guarda, também, flores, histórias, narra fatos, identifica pessoas e famílias, eterniza sentimentos e conserva as mais sinceras e marcantes declarações de amor, além de maravilhosas obras de arte”. 

Estas fotos mostram o estado de abandono do Cemitério São Francisco de Assis, na

cidade de Pão de Açúcar. Reprodução/Arquivo Antônio Pinto/Cortesia.