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CHESF vai reduzir a vazão do reservatório de Xingó para 700 metros cúbicos por segundo

Medida provocará seríssimos impactos ambientais no agonizante Velho Chico


  Foto: Divulgação/Reservatório de Xingó.

Postado em: 16/08/2016 às 08:43:49   /   por Helio Fialho

A CHESF através da Circular SOC 025/2016, datada de 15 de agosto, comunicou às autoridades municipais, principalmente aos prefeitos dos municípios localizados na região ribeirinha do São Francisco, sobre Vazões no Submédio e Baixo São Francisco.

Segundo o documento assinado pelo superintendente de Operação e Contratos de Transmissão de Energia, Ruy Barbosa Pinto Júnior, a CHESF, atendendo solicitações da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia e do Operador Nacional de Sistema (ONS) , encaminhou correspondência à Agência Nacional de Água (ANA) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), solicitando a redução da vazão defluente mínima dos reservatórios de Sobradindo e Xingó para o valor de 700 m³ por segundo.

Segundo a CHESF, essa nova flexibilização, caso venha a ser adotada, visa minimizar o deplecionamento de Sobradinho, objetivando a segurança hídrica na Bacia do São Francisco, que poderá ser de fundamental importância, caso o próximo período úmido se apresente com condições hidrometeorológicas semelhantes as que vêm sendo observadas nos últimos quatro anos.

Isto significa que o período chuvoso, desde 2012, apresenta uma quantidade pluvial muito abaixo da média, isto é, uma quantidade insuficiente de chuvas, para abastecer o reservatório de Sobradinho e, consequentemente, os demais reservatórios, incluindo o de Xingó.  

O documento alerta, ainda, que dada a excepcionalidade e gravidade da situação em termos de segurança hídrica, todos os segmentos que atuam na região definam estratégia e plano de ação para a execução de medidas necessárias no seu âmbito de atuação, “vez que o uso da água é responsabilidade de todos e que a gravidade da situação requer proatividade”, isto é, exige agir com antecipação para evitar futuros problemas.

“Salientamos que manteremos V. Sa. informado sobre o desenvolvimento da situação e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer esclarecimentos”, diz o trecho final do documento encaminhado, também, aos prefeitos dos municípios ribeirinhos.

 

Sérios impactos ambientais

 

Não há como negar que a drástica redução da vazão defluente mínima dos reservatórios de Sobradinho e Xingó provocará, mais uma vez, seríssimos impactos ambientais no rio São Francisco, principalmente no Submédio e Baixo São Francisco, a exemplo do que ocorreu em fevereiro deste ano, na cidade alagoana de Pão de Açúcar, quando da última redução para 800 m³/s, o que fez aumentar a grande quantidade de algas verdes ao longo na calha do Velho Chico e, também, provocou ataques de piranhas a dezenas de banhistas na Praia do Cristo Redentor, devido ao baixo volume de água.

Para quem não sabe, a vazão mínima de Xingó, permitida pela Agência Nacional de Água,  é de 1.300 metros cúbicos por segundo, porém, em razão da grave crise hídrica do Velho Chico, foi sendo reduzida drasticamente.

Atualmente a vazão defluente do reservatório de Xingó é de 800 m³/s, havendo agora a real possibilidade de, nos próximos dias, dada a necessidade, ser reduzida para 700 m³ por segundo, o que provocará inevitavelmente sérios prejuízos ao rio e às populações que dependem das águas do Velho Chico para sobreviver.  

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