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Agência Fluvial de Penedo forma 28 pescadores em Pão de Açúcar (AL)

Para os 28 alunos de Pão de Açúcar, a formação significou mais do que adquirir um certificado.


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  Fonte: Defesa em Foco - Por Marcelo Barros

 Para os 28 alunos de Pão de Açúcar, a formação significou mais do que adquirir um certificado

Para os 28 alunos de Pão de Açúcar, a formação significou mais do que adquirir um certificado   Foto: Reprodução/Defesa em Foco

Postado em: 04/06/2025 às 19:09:04

Sob o calor do sertão alagoano, a solenidade realizada pela Agência Fluvial de Penedo celebrou mais do que certificados: consagrou histórias de superação, pertencimento e responsabilidade. Vinte e oito pescadores de Pão de Açúcar (AL) concluíram o Curso de Formação de Aquaviários Pescador Profissional Nível 1 (CFAQ-POP1), ingressando de vez na lógica da economia do mar. Durante o evento, temas como Amazônia Azul, cultura oceânica e segurança da navegação foram abordados, ampliando a visão desses trabalhadores sobre o papel estratégico que agora ocupam.

Formação técnica e desafios da qualificação de pescadores no interior

Pessoas em palestra da Marinha do Brasil.

O Curso de Formação de Aquaviários (CFAQ-POP1) é essencial para que pescadores atuem legalmente e com segurança nas atividades de navegação interior. Para os 28 alunos de Pão de Açúcar, a formação significou mais do que adquirir um certificado: foi o reconhecimento de um saber tradicional que agora passa a se alinhar com as normas da Marinha do Brasil. Ministrado com abordagem prática e adaptada à realidade local, o curso buscou incluir, mesmo com os desafios do analfabetismo funcional, uma população tradicionalmente excluída dos processos formais de capacitação.

A entrega da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) representa a entrada desses trabalhadores no sistema regulado de transporte aquaviário, ampliando suas possibilidades profissionais e sua consciência quanto à segurança da navegação, salvaguarda da vida humana no mar e prevenção da poluição hídrica. Durante a formação, conceitos como economia do mar, responsabilidade ambiental e direitos e deveres do aquaviário foram abordados com sensibilidade à realidade dos alunos.

O impacto social e comunitário da certificação dos aquaviários

Homem assina documento militar com oficial da Marinha.

A cerimônia teve um caráter simbólico forte, principalmente ao destacar as dificuldades enfrentadas pelos pescadores em sua trajetória. Um dos momentos mais marcantes foi a assinatura com o dedo, feita por um dos formandos. A imagem sensibilizou os presentes, revelando a face de uma comunidade que, apesar das limitações educacionais, tem pleno domínio das águas que navega diariamente.

Três homens em frente a banners da Marinha do Brasil.

A presença do secretário municipal de Turismo e outros representantes da sociedade local demonstrou o reconhecimento público dessa conquista. Com a formalização dos pescadores como aquaviários, a comunidade de Pão de Açúcar dá um passo em direção à inclusão produtiva, ao fortalecimento das políticas públicas voltadas à pesca artesanal e à valorização do conhecimento empírico. É uma virada de chave para a cidadania ribeirinha, muitas vezes à margem das oportunidades oferecidas pelo Estado.

A conexão entre a economia do mar e o cotidiano ribeirinho em Pão de Açúcar

Durante o evento, foi feita uma importante contextualização sobre o papel estratégico de Pão de Açúcar no contexto da economia do mar. O município, banhado pelo Rio São Francisco, é ponto de passagem de balsas e até de transporte de cargas como leite, ligando comunidades e abastecendo pequenos polos urbanos. A formação dos aquaviários insere essa população na lógica de uma maritimidade interiorana, conectada à Amazônia Azul e à cultura oceânica.

Esse novo olhar sobre o rio como vetor econômico e estratégico amplia as perspectivas de desenvolvimento regional. A Marinha do Brasil, ao realizar essas formações, cumpre seu papel constitucional e fortalece o conceito de defesa nacional integrada ao cotidiano das comunidades. Em tempos de mudança climática, tensões geopolíticas e disputas pelos recursos hídricos, formar aquaviários conscientes é investir na soberania fluvial e na resiliência comunitária.

(Matéria publicada pelo portal Defesa em Foco, no dia 31 de maio de 2025, às 17h, e reproduzida pelo portal Notícia Quente, em 04 de junho de 2025).

 

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