Pão de Açúcar completa, nesta sexta-feira, 163 anos de emancipação política do município
Conheça um pouco da história desta terra bela, sofrida, banhada pelo Velho Chico

Antiga cidade de Pão de Açúcar - na época em que a Avenida Bráulio Cavalcante era descalça Foto: Divulgação
O município de Pão de Açúcar completa, nesta sexta-feira (3), 163 anos de emancipação política. Foi no dia 3 de março de 1854 que a vila de Pão de Açúcar foi desmembrada da vila Mata Grande, por força da Lei nº 233.
E somente passou à categoria de cidade 23 anos depois, em 18 de junho de 1877, pela Lei nº 756. Das terras de Pão de Açúcar foi desmembrado o território para constituição do município de Piranhas, no ano de 1887.
O município fica situado no sudoeste do estado das Alagoas, na divisa com o estado de Sergipe. Pertence à zona fisiográfica do sertão do São Francisco. A sede está situada à margem esquerda do rio São Francisco. Em linha reta fica distante 185 quilômetros de Maceió.
Na cidade, a altitude é de 29,80 metros, exatamente na calçada da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus. As coordenadas geográficas são: 9º 43’ 54” de latitude sul e 37º 27’ 18” de longitude oeste de Greenwich.
O clima quente e seco predomina durante o verão e não é raro a temperatura ultrapassar os 40 graus à sombra, sendo considerada a terceira cidade mais quente do Brasil. Baseado na desigual repartição das precipitações e no aspecto fisiográfico da semiaridez do meio, Morais Rego qualifica o clima de Pão de Açúcar de subtropical, existindo apenas duas estações anuais: a seca e a chuvosa, de variação variada pela irregularidade e inconstância das chuvas.
Na área central, a cidade é muito plana, com a configuração de um trapézio irregular, apresenta um aspecto bonito, muito convidativo para prática de caminhadas. As ruas retas e paralelas mostram o gosto artístico de seus filhos. Da Avenida Ferreira de Novais, com uma extensão de quase dois quilômetros, pode-se admirar o Velho Chico, destacando-se, ao poente, a magnificência da imagem do Cristo Redentor, obra do escultor João Damasceno Lisboa, nascido no povoado ribeirinho de Entremontes, município de Piranhas, e quando criança veio morar em Pão de Açúcar, adotando a plaga de Jaciobá como o berço natal.
Segundo dados atuais do IBGE, a população estimada de Pão de Açúcar (ano 2016) é de 24.834 habitantes. O município possui uma área de 693,692 km² (ano 2015) e a densidade demográfica é de 34,86 habitantes por quilômetro quadrado. Com referência ao adjetivo pátrio, a pessoa que nasce em Pão de Açúcar é pão-de-açucarense. Segundo a Academia Brasileira de Letras, a grafia “pãodeaçucarense” (sem o uso do hífen) está errada.
Pão de Açúcar x Desenvolvimento
Para um município com 406 anos de povoamento (datado de 1611, com gente branca e índios da Serra do Aracaré, em Sergipe), 163 anos de emancipação política e 140 anos de elevação de sua sede à categoria de cidade, seus passos rumo ao desenvolvimento tem sido muito lentos, diferentemente de outros municípios muito mais novos, a exemplo de Santana do Ipanema, Olho D´Água das Flores e Piranhas, em Alagoas, e Nossa Senhora da Glória, no vizinho estado de Sergipe.
Nestes três citados municípios, o desenvolvimento está acelerado, pois suas respectivas sedes e o comércio local crescem a cada dia. Em Piranhas, que já pertenceu a Pão de Açúcar, a consolidação do turismo é uma realidade, pois o município tornou-se destino de turistas das principais regiões do Brasil e até mesmo de gringos.
Enquanto isso, Pão de Açúcar, terra de rara beleza, banhada pelo Velho Chico, possuidora de um invejável patrimônio artesanal, celeiros de extraordinários artistas e de uma riqueza folclórica de encantar os olhos dos amantes da cultura, não sai da classificação de “município com potencial turístico”, onde suas praias não passam de atrativos mal cuidados, sem sinalização turística, desprovidas de salva-vidas e invadidas por cavalos, jegues, porcos e ovelhas, principalmente, nos finais de semana, onde o fluxo de banhistas aumenta significativamente.
Talvez, a nossa bela e sofrida Pão de Açúcar tenha sido vítima, ao longo dos anos, de um modelo de política coronelista e ultrapassada, onde os administradores preferem adotar a atrasada política de compra de votos a investir no desenvolvimento turístico do município. Seus líderes políticos preferem manter seus currais eleitorais (com as benesses do governo municipal), a priorizarem investimentos que promovam, de fato, o desenvolvimento da “indústria sem chaminés” – o turismo – sendo este setor o caminho mais viável para sair da estagnação.
Ora, o município está completando o centésimo sexagésimo terceiro aniversário de emancipação, todavia, o rastro do atraso encontra-se espalhado por todos os lugares: alta taxa de desemprego, comércio debilitado, agropecuária falida, inexistência de indústrias, prédios históricos abandonados, orla fluvial em estado de gritante precariedade e esgotos escorrendo a ceu aberto.
De 1892 a 2017, contando com os prefeitos interinos e os que tiveram mais de um mandato, 62 gestões já conduziram os destinos do município de Pão de Açúcar, porém, pelo grave quadro de deficiência que apresenta, este número foi insuficiente para colocar Pão de Açúcar nos trilhos do progresso. Até porque as raras exceções que tentaram introduzir um modelo diferenciado de gestão foram rejeitadas e excluídas do processo.
Será que o sofrido Pão de Açúcar vai ter que esperar mais 163 anos para ver chegar o tão sonhado desenvolvimento?
Será que a bela e histórica Pão de Açúcar vai ter que esperar mais 163 anos para ver construída sua tão sonhada uma orla fluvial?
A população pão-de-açucarense precisa urgentemente abrir os olhos para a triste realidade de se colocar no poder somente candidatos que tenham muito dinheiro para comprar votos. É preciso massificar campanhas educativas contra a venda de votos e a perpetuação no poder de políticos de carreira.
Os filhos de Pão de Açúcar, principalmente os jovens, precisam lutar por dias melhores para esta terra de belezas encantadoras e de misérias mil.
É preciso refletir nas palavras de um poeta, filho da Terra de Jaciobá, que ao contemplar o desprezo com que tratam a terra dos extintos índios Urumaris, derramou a alma para escrever a extensa composição poética “Pão de Açúcar - O Grito de Liberdade”. Pão de Açúcar, tu adormeces no atraso, na sombria esperança do progresso que não chega...
Fonte: Pão de Açúcar - História e Efemérides/IBGE/Helio Silva Fialho
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