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PM só atuou quando foi agredida com tiros, diz comandante da PM sobre soldado morto em Salvador

O soldado Wesley Soares era lotado no batalhão de polícia de Itacaré, cidade do sul da Bahia a 250 km de Salvador.


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  Fonte: Com TNH1 - Por Folhapress

  Foto: Reprodução/Alberto Maraux / SSP BA

Postado em: 29/03/2021 às 18:30:47

O comandante da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, afirmou nesta segunda-feira (29) que a PM só atirou contra o soldado que protestou no Farol da Barra após ter sido alvo de disparos de fuzil.

O soldado Wesley Soares foi baleado no início da noite de domingo (28) após ter passado cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador.

Ele foi atingido por tiros por volta das 18h30, após ter erguido um fuzil e disparado contra os colegas da PM que negociavam a sua rendição. O soldado chegou a ser socorrido por uma ambulância e levado para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos morreu na noite deste domingo.

O comandante da PM afirmou que as esquipes que conduziram a negociação seguiram os protocolos internacionais de gerenciamento de crises, mas acabaram reagindo após terem sido atacados com tiros de fuzil, arma de alta letalidade.

De acordo com o comandante da PM, a polícia tentou negociar a rendição do soldado, mas enfrentou dificuldades já que ele estava em situação de "transtorno mental".

O soldado Wesley Soares era lotado no batalhão de polícia de Itacaré, cidade do sul da Bahia a 250 km de Salvador. Ele estava de serviço neste domingo, mas deixou o batalhão armado e, dirigindo o próprio carro, seguiu até Salvador.

"Era um policial militar que não apresentava problemas, não deu sinais em qualquer momento de surto", afirmou o coronel Paulo Coutinho. Formado em 2008, o soldado tinha 13 anos de atuação na PM.

Ele ainda se solidarizou com a família do soldado, com a tropa da PM e lamentou o desfecho do caso com a morte do policial: "Essa ocorrência teve um término que nós não gostaríamos".

Um inquérito policial militar foi instalado para apurar as circunstâncias da morte do soldado.

Policiais ligados à Aspra, associação que representa soldados e praças, convocaram um protesto para o Farol da Barra na manhã desta segunda.

Líder da associação, o deputado estadual Soldado Prisco (PSC), que já liderou greves da PM na Bahia em 2012 e 2014, conclamou os policiais a aderirem a um novo motim após a morte do soldado neste domingo. Nesta segunda-feira, contudo, afirmou que os policiais vão protestar pacificamente e que uma possível greve está descartada.

O coronel Paulo Coutinho ainda disse lamentar outro episódio que aconteceu na noite deste domingo: policiais avançaram contra jornalistas que atuavam na cobertura do caso próximos ao Farol da Barra e chegaram a dar tiros para o alto para afastar a imprensa.

O soldado Wesley Soares chegou à região do farol da Barra por volta das 14h30 e rompeu as barreiras que isolavam a região, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Deu mais de uma dezena de tiros para o alto e gritou palavras de ordem, provocando pânico entre moradores da região.

O policial estava fardado, armado com um fuzil e uma pistola e estava com com o rosto pintado de verde e amarelo.

Em vídeos publicados por testemunhas nas redes sociais, o policial gritou palavras de protesto, falando em desonra e violação da dignidade dos policiais.

"Comunidade, venham testemunhar a honra ou a desonra do policial militar do estado da Bahia", gritou o policial militar em um dos vídeos, logo após ter dado um tiro para o alto com uma pistola.

Em outro momento, ele grita: "Não vou deixar, não vou permitir que violem a dignidade e honra do trabalhador". A região do Farol da Barra foi isolada.

Em nota, o governo da Bahia confirmou que se trata de um policial em situação de "surto psicológico".

Ainda segundo o governo baiano, o soldado "alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos". E chegou a iniciar uma contagem regressiva antes de começar a atirar contra os colegas.

"Os nossos objetivos primordiais são preservar vidas e aplicar a lei. Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", afirmou o comandante do Bope, major Clédson Conceição.

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