Os números alarmantes da violência em Pão de Açúcar provocam impacto na população
O que fazer para conter o número de homicídios que ocorreram durante o primeiro semestre de 2017 na plaga de Jaciobá? A sociedade pão-de-açucarense cobra uma resposta imediata das autoridades competentes.
Uma das praças da Avenida Bráulio Cavalcante, em Pão de Açúcar (AL). Foto: Notícia Quente/Helio Fialho
A notícia sobre Pão de Açúcar liderando o ranking dos municípios onde ocorreram mais homicídios no primeiro semestre de 2017 deixou muitos pão-de-açucarenses perplexos. Não fossem as publicações dos portais Correio Notícia e Notícia Quente, nesta sexta-feira (22), os dados considerados muito preocupantes passariam despercebidos.
Em um momento de grande perplexidade como este, na qualidade de filho da plaga de Pão de Açúcar, eu não poderia deixar de parabenizar e, ao mesmo tempo, agradecer ao competente colega jornalista Diego Barros, sertanejo destemido, comprometido com a verdade dos fatos e defensor intransigente de melhores dias para a população do Sertão de Alagoas. Foi este jornalista o primeiro a tomar a inciativa de mostrar à sociedade alagoana os números da violência nos municípios do Sertão de Alagoas, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Mais que vergonhosos e revoltantes, os dados são preocupantes, principalmente na realidade atual onde a violência foge do controle do Estado brasileiro, isto é, a segurança pública no Brasil está mergulhada no caos, enquanto organizações criminosas impõem terror e toque de recolher aos cidadãos de bem e pagadores de impostos, na cara das autoridades, uma consequência de políticas públicas falidas por motivo da ausência de investimentos significativos neste setor.
No tocante a Pão de Açúcar, a notícia foi dantescamente impactante. E só poderia ser chocante para seus filhos e amantes que outrora podiam se divertir nas ruas e até dormirem em bancos de praças sem correr perigo, coisa humanamente impossível de se fazer nos dias de hoje, em razão da vulgarização da criminalidade nas grandes e pequenas cidades brasileiras, onde a proliferação de drogas nocivas à vida humana assemelha-se a erva daninha.
Em Pão de Açúcar, ainda que a prática dos homicídios tenha sido por briga de facções, ou, por acertos de contas, ou,por grupo de justiceiros, as autoridades competentes não devem ignorar os números da violência que levaram o município a ficar no topo como o mais violento do Sertão alagoano, no primeiro semestre de 2017.
Ao ler a matéria publicada pelo portal Notícia Quente, a presidente da Câmara Municipal de Pão de Açúcar, vereadora Lena Machado, declarou que a Câmara de Vereadores de Pão de Açúcar está para marcar uma Audiência Pública para discutir sobre a segurança da população local.
A iniciativa é positiva porque os vereadores são os fiscais da população. Na qualidade de representantes do povo, os edis têm o dever de lutar em prol de melhores dias para os moradores do município.
No dia 20 de abril de 2012 foi realizada, pela Câmara de Vereadores, no auditório da FASVIPA, uma audiência pública onde se discutiu sobre a segurança da população. E já se passaram cinco anos, três meses e três dias sem que nada, absolutamente nada fosse resolvido, apesar das promessas categóricas da cúpula da Segurança Pública de Alagoas, na época.
Para esta nova audiência pública, é preciso convidar o secretário de Segurança Pública de Alagoas, o delegado de Polícia Civil e representantes da Polícia Militar de Alagoas, para serem cobrados perante a sociedade – porque a Constituição Federal do Brasil de 1988, no artigo 144, diz que segurança pública é “dever do Estado” e deve ser exercida pelas Polícias Federal, Rodoviária Federal, civis, militares e Corpos de Bombeiros.
Mas esta luta deve ser abraçada, também, pelo chefe do Executivo municipal e os titulares de pastas, pelo representante do MP, juiz da Comarca, representantes de entidades, profissionais de imprensa, a população, ou seja, pela sociedade civil organizada.
E que a Audiência Pública não seja monótona, enfadonha, repleta de discursos demagógicos e explanações prolixas enchedoras de linguiça, objetivando os holofotes da mídia e a autopromoção política. O povo já não aguenta mais tanto exibicionismo e nenhuma solução.
Que, diferentemente de outras audiências que já aconteceram, haja pontualidade no horário para iniciar o evento e as pessoas, de forma organizada, possam falar sobre os dramas e pesadelos causados pela violência que assola seus lares e suas famílias – até porque o povo precisa ser ouvido.
A segurança da população pão-de-açucarense precisa urgentemente ser priorizada. Os números da violência desenfreada no estado de Alagoas por si só desmascaram a farsa do Governo de Alagoas, que insiste em dizer que a Segurança Pública está no caminho certo. Enquanto isso, as populações vivem assombradas nos municípios com a prática contínua de assaltos dos mais diversos, homicídios e outros tipos de crimes.
Não há como negar que a construção de CISP (Centro Integrado de Segurança Pública) nos municípios é muito importante no combate à violência, mas esta ação não é suficiente para frear os números crescentes da criminalidade no nosso estado.
Levando em consideração que Alagoas possui 102 municípios e que o número de CIPS construídos até agora é bastante pequeno, utópico é afirmar que a violência está sob o controle do Estado.
Até porque a população não pode mais esperar que o governo de Alagoas construa uma unidade do CIPS na cidade de Pão de Açúcar. É preciso a liberação urgente de um número maior de policiais militares, agentes civis e viaturas para o município.
Partindo desta realidade, é preciso o Governo de Alagoas encarar este grave problema com mais seriedade, com menos politicagem, deixar de fazer de conta que está promovendo segurança pública com eficiência, quando na prática o quadro é muito grave. Chega de relatórios bonitos e de propaganda enganosa, governador Renan Filho! As famílias alagoanas merecem respeito!
Sobre a triste realidade mostrada sobre o município de Pão de Açúcar, é preciso a população compreender que estes números são referentes ao primeiro semestre de 2017. Isto não significa que Pão de Açúcar permaneça sendo o primeiro do ranking no segundo semestre deste ano.
Os dados apresentados pela SSP são impactantes e estão gerando questionamentos, principalmente de pão-de-açucarenses mais esclarecidos. Entretanto, os números não são fictícios. Eles são reais e os homicídios ocorreram realmente durante e os seis primeiros meses deste ano.
Foram tantos assassinatos ocorridos durante este período que algumas pessoas chegaram a publicar frases irônicas nas redes sociais, dizendo que “em Pão de Açúcar matam uma pessoa pela manhã e já deixam outra amarrada para matar à noite”.
Para quem nasceu e ama a plaga de Jaciobá, é muito difícil conceber a ideia de que esta terra antes tão tranquila, hoje chegou ao topo do ranking dos municípios mais violentos do Sertão de Alagoas.
É muito difícil acreditar; é muito dolorido aceitar. Contudo, mais que inaceitável é preocupante porque não queremos esta coisa nociva para nós e tampouco para os nossos filhos e netos. Por este motivo, cabe a cada pão-de-açucarense, isto é, cada filho, agregado e amante, fazer a sua parte.
Que lutemos, independentemente de sigla partidária, opção sexual, crença religiosa, raça, cor, classe social, por um Pão de Açúcar de paz e harmonia – onde as drogas, a violência e a impunidade não venham fincar suas raízes!
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