A política dos currais eleitoreiros, promovida pelos coronéis, alimentada pelo fuxico, precisa ser extirpada de Pão de Açúcar
A alternância no poder e a liberdade de escolha precisam ser respeitadas, pois são fatores preponderantes para as transformações que a Terra de Jaciobá tanto necessita.

A política dos currais... alimentada pelo fuxico... precisa ser extirpada de Pão de Açúcar Foto: Reprodução/Google
Sempre tenho afirmado que a política de Pão de Açúcar precisa estar muito acima do fanatismo político, das agressões pessoais e dos gestos provocativos das facções que não conseguem enxergar os avanços que o município tanto carece para igualar-se ou superar algumas cidades circunvizinhas.
Urge pensar no coletivo, deixar de lado as picuinhas, a chamada “politicagem do disse me disse”, pois a nossa terra, ao longo de sua historia, já sofreu grandes prejuízos em consequência da retrógrada e indecente política alimentada pelo fuxico.
Não precisa ser letrado para saber que o fuxico é gerador do ódio porque está fundamentado em conversas venenosas capazes de transformar velhos amigos em grandes inimigos.
No passado, o fuxico já manchou de sangue a história política de Pão de Açúcar, a exemplo das mortes de Joaquim Cruz Rezende (28 de agosto de 1954), Durval Fialho de Mello (24 de novembro de 1955) e outros cidadãos de bem que viveram nesta plaga.
Os mais antigos sempre lembram que o leva-e-traz foi o provocador das mortes destes cidadãos honrados, os quais prestaram relevantes serviços à sociedade pão-de-açucarense.
Já se passaram algumas décadas dos tristes episódios, porém, infelizmente, a encrenca continua presente no cotidiano político de Pão de Açúcar e, lamentavelmente, fazendo estragos.
Geralmente a arte do fuxico é preservada por pessoas fanáticas, inconsequentes, de língua desenfreada, desprovidas de quaisquer sentimentos de paz e de respeito ao semelhante. Tais indivíduos, escravos da alienação política, só respiram ódio e não sabem respeitar o direito de escolha das outras pessoas porque, na verdade, são vetores do vírus da discórdia e agentes da detração.
Não raramente os praticantes intrigam-se de antigos amigos pelo simples fato desses divergirem de suas escolhas partidárias. Os dotados para arte da calúnia e difamação falam em política o tempo inteiro e não conseguem desenvolver outro assunto nas rodas de bate papo, tornado, assim, as conversas muito indigestas.
E assim, aprisionados no cárcere da ignorância e do egoísmo, eles deixam de enxergar as mazelas existentes no município porque preferem ficar parados no tempo e no espaço e não conseguem ver um palmo adiante do nariz.
Em se tratando de melhores dias para Pão de Açúcar, um filho que ama verdadeiramente a esta plaga jamais ficará torcendo para que tudo dê errado, em se tratando de gestão pública.
Certa vez ouvi de um alienado partidário a seguinte frase: “o prefeito fulano de tal pode até mesmo trazer uma mina de ouro para Pão de Açúcar, ainda assim, sairei dizendo que a obra não presta”.
Esta frase absurda traduz o mais autêntico e perigoso fanatismo partidário do indivíduo, um gesto que só contribui para a manutenção dos currais eleitoreiros e o fortalecimento da politica coronelista que vem, durante todo esse tempo, promovendo o atraso e restringindo, no município de Pão de Açúcar, a alternância no poder.
Neste meu comentário jamais deixarei de reconhecer o quanto foi importante as atuações dos prefeitos que já estiveram a frente da Prefeitura Municipal de Pão de Açúcar, muitos com apenas um mandato, outros com dois mandatos, e pouquíssimos com três ou quatro mandatos. Obviamente os que assumiram mais de uma vez tiveram a oportunidade de fazer mais – e poderiam ter feito muito mais não fosse a falta de vontade política (para não dizer comodismo).
Eu cometeria grande injustiça se não reconhecesse que esses gestores construíram importantes e necessárias obras enquanto estiveram no poder, a exemplo de várias escolas, postos de saúde, calçamentos, sistemas de água encanada, sistemas de eletrificação, ginásios e quadras poliesportivos e outras, porém, desprezaram a vocação turística de Pão de Açúcar e, por isso, deixaram de fazer a revitalização da orla fluvial, a recuperação do antigo sobrado onde se hospedou Dom Pedro II, a construção do terminal rodoviário, o portal de entrada na cidade, uma nova delegacia de polícia, um posto de informação ao turista, a casa da cultura, o museu da cidade, o sistema de esgotamento sanitário, um novo matadouro público. Também deixaram de instalar a guarda municipal e não deram destino correto ao lixo recolhido na cidade e nos povoados rurais.
Não priorizaram a “indústria sem chaminés”, deixando Pão de Açúcar anos-luz atrás de Piranhas e Penedo, no que se refere a desenvolvimento turístico, e hoje a nossa cidade tem a orla mais feia e abandonada do Baixo São Francisco – o que causa vergonha e indignação a qualquer filho que ama o Espelho da Lua. Isto sem destacar o desemprego que assola os moradores, principalmente os jovens pão-de-açucarenses.
É muito importante que os fanáticos que integram as facções partidárias da Terra de Jaciobá enxerguem esta triste realidade de Pão de Açúcar e deixem de alimentar a volta dos que já tiveram suas oportunidades de assumir os destinos desta plaga banhada pelo Velho Chico e possuidora de encantos e belezas.
O nosso município carece de desenvolvimento progressivo, ter alternância de poder, ser administrado por novos gestores e que cada gestão seja julgada pelo povo , nas urnas e no tempo certo.
Que cada gestor tenha respeitado o direito de administrar e seja criticado de forma construtiva, ética e decente, em nome da autêntica democracia – não estou aqui invocando a anarquia e o desrespeito ao cidadão – até porque os méritos das pessoas precisam ser reconhecidos.
Claro, não devemos fechar os olhos e baixar a cabeça para as coisas erradas que acontecem há muitos anos em nosso município. Porém, uma crítica construtiva é muito diferente de uma crítica pessoal, recheada de ódio e rancor, fruto de mentes conflitantes.
Criticar com argumentos técnicos, decência, pensando no coletivo, deixando de lado o individualismo, desprezando picuinhas, não entrando nas questões de caráter pessoal e familiar do gestor público, é uma demonstração de maturidade, competência e firmeza de caráter da pessoa que tece a crítica com o intuito de ajudar. É muito diferente do fanático que só enxerga as coisas de forma negativa e só sabe torcer pelo insucesso do gestor.
É preciso contemplar Pão de Açúcar com visão de águia. Chega de enxergar o Espelho da Lua com olhar de asno e consciência de caranguejo!
Urge questionar o município que temos e o município que queremos para esta e futuras gerações.
O fanático político, o alienado partidário é tão perigoso que, depois de ler este texto, ele tem a capacidade de dizer que o escrevi direcionado a alguém, quando, na verdade, a mensagem não tem a finalidade de rotular determinadas pessoas porque o objetivo é provocar uma profunda reflexão.
Portanto, de forma grandiosa, pensemos Pão de Açúcar, torcendo para que o desenvolvimento chegue sem demora a esta terra que um dia foi taba dos extintos índios Urumaris!
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