8ª GEE: Gerente Edivaldo Vieira Barros se despede dos servidores da regional e concede entrevista exclusiva ao Notícia Quente
A sua maior façanha, no comando da 8ª GEE, foi a reconstrução do prédio próprio da 8ª GEE, que há 13 anos encontrava-se completamente abandonado e em ruínas.

Fonte: Da Redação

Professor Edivaldo Vieira Barros Foto: Notícia Quente/Helio Fialho
Prestes a deixar o cargo de gerente da 8ª GEE, depois de cumprir os dois anos de sua gestão (biênio 2021-2023), o professor Edivaldo Vieira Barros concedeu uma entrevista com exclusividade para o portal Notícia Quente. Sendo entrevistado, na última quarta-feira (27), pelo jornalista Helio Fialho, que ficou impressionado com a estrutura da nova sede da GEE e com a capacidade administrativa do entrevistado, que possui uma excelente formação profissional e uma incrível visão futurista, na qualidade de educador.
Quando assumiu o cargo de coordenador da 8ª GERE, hoje GEE, o professor Edivaldo Barros teve que adequar-se à realidade vivida no Brasil, em Alagoas e nos treze municípios que integram a 8ª Região, devido à pandemia do Covid-19, porém, mesmo assim, arregaçou as mangas e não parou de trabalhar, dividindo seu tempo e suas tarefas, ora de maneira virtual, ora de forma presencial. Tanto que, ao vencer tais dificuldades, seu trabalho individual e/ou em equipe fez a diferença, fazendo funcionar com sucesso, sob seu comando, a complexa engrenagem do processo de ensino-aprendizagem nas treze escolas estaduais que integram a 8ª Gerência Especial de Educação. E, por isso, este “pequeno-gigante” atuou com muito esforço, muita dedicação e soube ser dinâmico, habilidoso, criativo, ousado e, muitas vezes, insistente, persistente e não desistente de seus objetivos e propostas em prol do desenvolvimento da educação e do crescimento de servidores e alunos.
O professor Edivaldo Barros, enquanto gerente, teve que enfrentar (e venceu) muitos desafios, porém, em não poucas ocasiões, trabalhando com sua equipe, ele foi desafiador. E foi assim, que ele conseguiu inserir inovações, renovações e realizar façanhas extraordinárias, as quais entram para a história da 8ª GEE (antiga 8ª CRE), com destaque para a reconstrução do prédio sede desta gerência regional que, durante 13 anos, encontrava-se em ruínas e completamente abandonado, servindo de ponto de consumo de drogas.
A reconstrução deste prédio foi um desafio vencido de forma extraordinária e, indiscutivelmente, revitalizou, também, a autoestima de muitos servidores que nele trabalham e doam-se diariamente ao sucesso do ensino no estado de Alagoas.
Podemos afirmar que o gerente Edivaldo Barros fechou com chave de ouro sua gestão, entregando à população pão-de-açucarense e dos demais municípios da região a nova sede da 8ª GEE, com uma estrutura moderna, espaços aconchegantes e com a instalação de três galerias: de ex-coordenadores (gerentes), dos brasões das treze escolas estaduais que integram a 8ª Regional e dos brasões dos oito municípios que compõem esta Gerência de Educação Especial, além de um auditório, um miniauditório, espaço para oração e meditação, área de lazer, garagem, cantina e outras salas (dependências) que acomodam toda a estrutura administrativa da gerência.
Esta entrevista foi proposta pelo jornalista Helio Fialho, objetivando mostrar um pouco do trabalho e do pensamento do professor Edivaldo Barros, uma forma de homenagear este educador que, durante apenas um biênio, trabalhou e trouxe expressivo renovo à velha engrenagem da 8ª GEE.
O professor Edivaldo Vieira Barros possui pós-graduação em Gestão Escolar, Orientação e Coordenação Pedagógica (lato sensu); tem Aperfeiçoamento em Gestão para Aprendizagem; é graduado em Filosofia e História. Está cursando MBA em Gestão de Escolas Públicas e Especialização em gestão Educacional e Inspeção. Leia, na íntegra, a entrevista abaixo.
Quando você assumiu o cargo de gerente da 8ª GEE, já estava consciente dos desafios que iria enfrentar?
Primeiramente minha saudação. A gente vem de uma realidade pequena, que é o cuidado com uma escola, enquanto gestor. E quando chega à sede da regional, as ações são outras, os desafios são outros. A gente mensurava, mas não tinha certeza. Eu estava vindo em pleno ano pandêmico, onde todos se afastam das escolas, se afastam do ambiente de trabalho e a gente inaugura, nesse período, as atividades remotas. Então, foi um grande desafio para mim, enquanto gestor, chegar numa condição desta. Mas, também, tive a feliz alegria, bem redundante mesmo, em retomar ao que nós chamávamos de realidade normal. Então, a gente vinha dos desafios que nos foi oferecido dentro deste cargo. Foi a retomada ao ensino presencial, às ações presenciais. Tinha-se a necessidade de voltar à realidade normal. Então, sim. De certa forma, eu sabia desse desafio e que iria enfrentá-lo, mas, outros foram surgindo, eu não sabia como resolver, mas que fui buscando através das regras, das normativas, encontrar respostas, nos apoiando com os técnicos que estão aqui, para a gente resolver essas situações.
Quais os desafios que você conseguiu vencer? Elenque-os, por favor.
Um dos desafios foi a questão da mão de obra qualificada, recursos humanos. Chegamos aqui, na sede da regional, com uma quantidade pequena de servidores. Nas nossas escolas, algumas delas, no terceiro turno, não havia servidores de apoio. Então, foi um dos desafios que nós conseguimos vencer. Trazer pessoas novas, oxigenar o espaço já existente e, também, levar para as escolas esse material humano, além de buscarmos melhorar a qualidade de ensino, que por conta do período que já citei, decaiu e a gente tem a responsabilidade de fazer com que a educação seja de qualidade. Então, foi um dos desafios que a gente teve o cuidado. E com as nossas visitas constantes às unidades de ensino e com as nossas relações com os municípios e os cuidados, também, com as escolas privadas, a gente buscou garantir essas qualidade na educação pública no estado de Alagoas.
Sobre inovação, você inseriu alguma na 8ª GEE?
Sim. Várias, na verdade. Nós inauguramos o ensino remoto. Também fizemos a inauguração e trabalhamos no período híbrido. A gente consegue hoje fazer uma reunião online. A pandemia trouxe vários prejuízos, mas, trouxe, também, alguns pontos positivos, dentre eles, a situação. Outro ponto que considero bastante expressivo é que todos os nossos servidores hoje fazem parte do nosso sistema eletrônico de informação, o SEI. Então, isso facilita a efetivação dos processos, a qualidade, a rapidez. Então, foi uma ação extremamente positiva nesse âmbito da inovação, trazer para todos os servidores, inclusive, esta é a única GEE, entre as treze existentes no estado de Alagoas, com maior percentual, ultrapassando 90 dos servidores. Além disso, nossa perspectiva de inovação é garantir a publicidade das ações que foram feitas, tanto por nós, enquanto ente intermediário, como, também, nas escolas, que são nossas áreas finalísticas. Então, a orientação aos nossos gestores e equipes de gestores é que se propagassem. Isso é sim inovação. Colocar, também, nas redes sociais, o que a escola produz. E essa produção precisa ser vista pela comunidade e não ficar fechada na sala de aula, dentro da escola, mas, dar essa visão, mostrar que é possível. E com esta produção, a sociedade é quem ganha.
A sede própria da 8ª GEE há treze anos se encontrava em completo abandono, desativada. Suas ruínas atraiam pessoas que a frequentavam para consumir drogas. E você conseguiu junto ao Governo de Alagoas reconstruir o prédio e inaugurar uma sede com uma estrutura extraordinária, muito aconchegante. Como você conseguiu realizar esta façanha, se parecia algo praticamente impossível?
De fato, foi uma grande façanha. Um de meus primeiros atos, quando assumi esta gestão, foi me reunir com a equipe técnica aqui lotada e saber a que pé andava e, entre outras ações, a reforma da sede. E já havíamos passados por algumas casas locadas, por escola e a gente precisava tomar uma posição. E no meu primeiro momento que tive com o governador, à época, Renan Filho, no jantar de acolhida, com a equipes de gerentes da nossa gestão, eu sentei ao lado dele, naquela mesa, lá no palácio, e disse com estas palavras: é vergonhoso o que passamos. Obviamente eu estava iniciando. Não tinha três dias que eu havia sido nomeado. Mas, numa construção histórica porque a minha passagem por aqui não é início nem fim, mas uma parte da história, a gente precisa resgatar a consciência, a história dos que nos antecederam. E nessa fala eu tratei: é vergonhosa a nossa situação. E coloquei: entre todas as GEREs do estado de Alagoas, a única que não tem sede própria é a 8ª. E disse que gostaria que fosse revitalizado. Contei a história, levei fotos. À época, eu já tinha vindo aqui no dia anterior, antes de ir para o jantar. Levei as fotos para mostrar ao governador. Ele ficou preocupado e disse categoricamente que retomaria a reforma. E eu cheguei muito contente numa reunião, numa segunda-feira, que costumo fazer todas as segundas-feiras, reunião com a equipe. Contei a novidade, mas, muitos não acreditaram. Inclusive, hoje eu disse às equipes gestoras das nossas escolas e aos que estão lotados aqui, numa reunião que fiz, que os diversos nãos que ouvi, eles não foram aceitos, fizeram só a negativa naquilo que represento, que é uma equipe de 13 escolas estaduais, de mais de 100 escolas municipais, de outros municípios e algumas escolas privadas. Neguei-me a aceitar o não, ele não se sustenta em si. Então, voltei à sede da Secretaria, disse da responsabilidade que o governador me passou naquele jantar e que queria a reforma. E não fui uma, nem duas, mas fui diversas vezes, lá na sede da Engenharia, pedir que a reforma viesse. E ela retomou. Quando começou a dar uma alegria só, vai começar, mas passaram alguns meses. E a gente conseguiu esta grande façanha, como você mesmo disse, e, com isso, melhorou-se a qualidade dos trabalho das pessoas aqui lotadas e de toda a regional. Porque esta sede não pertence tão somente ao município de Pão de Açúcar, mas aos outros municípios desta circuncisão, a saber: Jacaré dos Homens, Jaramataia, Batalha, Belo Monte, Monteirópolis, Palestina, São José da Tapera, e Pão de Açúcar, onde está a sede. Então, com isso, todos estes municípios ganharam e, naturalmente, nós, que somos servidores públicos, hoje podemos dizer categoricamente: temos um espaço digno de trabalho. E aqui a produção de conhecimento e o acompanhamento das ações trazidas pela Secretaria de Estado, enquanto ente central, se faz garantir porque é um espaço acolhedor. Espaço bonito, organizado com cada coisa pensada em seus devidos espaços, que garante uma alegria para os que aqui estão e os que chegam.
Você deixa a gerência da 8ª GEE com a consciência do dever cumprido? Ou vê seu trabalho inacabado?
Mais cedo eu disse com estas palavras: saio com a sensação do dever cumprido. Não em sua totalidade porque ninguém é capaz de cumprir tudo. Mas, com a certeza de que fiz muito. Não por mim, mas por nós, o conjunto de pessoas que aqui estão. Inclusive parafraseei São Paulo: “combati o bom combate” – que muito fizemos, mas, desejo que a nossa sucessora continue trabalhando e produzindo tal qual a gente fez, para que se mantenha a qualidade de ensino e de aprendizagem. Então, saio com esta sensação, de ter cumprido uma parte, uma boa parte, vale ressaltar, à medida que disse que não foi pelo cargo, que não foi pelo status, que não foi pelo dinheiro, mas que foi pelo serviço, em contribuir com os nossos companheiros servidores, em contribuir com os nossos estudantes e com a sociedade, de cada um desses municípios, de cada uma dessas escolas, com o estado de Alagoas, que tem crescido na educação, principalmente. Então, com o advento do Programa Escola 10, lá em 2016, 2017, muito se mudou, inclusive, a minha passagem se deu por conta disso. Naturalmente eu não viria para cá em outros momentos históricos, se não tivesse alguém que me indicasse. E hoje nós estamos aqui, não por uma indicação, por uma meritação, mas, por uma produção de um serviço feito não só por sim, mas por um grupo que nos apoia e que acredita no projeto de educação que temos, que é justamente pensar na educação pública de qualidade, libertadora e emancipatória. Então, saio com essa sensação, inclusive feliz, sem resquícios, sem qualquer sentimento que me deixe para trás, mas com alegria de poder ter contribuído com a sociedade alagoana no projeto de Educação que nós pensamos.
O que você espera da nova gerente Maria Margarida Gomes Silva, que ocupará a sua cadeira a parir do primeiro dia útil do próximo mês de janeiro?
A nova gerente não é uma pessoa desconhecida nossa. Quando estive gestor na Escola Estadual de Monteirópolis, ela era, também, gestora na Escola Bráulio Cavalcante. Então, nós já temos uma afinidade, já temos um contato. E a gente sabe o quanto a professora Margarida é uma pessoa que gosta de trabalhar. Ela tem coragem de enfrentar as adversidades. Então, hoje, inclusive, disse que ela tem a missão de dar continuidade aos feitos, obviamente, de cada liderança. A gente trata, aqui, de liderança. Vai se inclinando para aquilo que lhe é tocado pela sua experiência, pela sua formação humana. Então, eu penso e quero acreditar que a nossa gerência vai continuar nesse patamar. Na verdade, nós, seres humanos, somos extremamente exigentes. A gente não aceita retrocesso. A gente quer sempre algo a mais. Então, o terreno foi preparado, assim como foi pelas minhas antecessoras. Cheguei aqui e antes de mim haviam doze mulheres. Fizeram suas produções, trouxeram inovações, conseguiram fazer coisas que, talvez, eu não conseguisse nos dias atuais. E guardo essas memórias e digo que olhei para trás, não com saudosismo, mas, como um espaço de firmeza, de me apoiar e, assim, construir a nossa parte da história. Então, quero desejar e quero pensar que sim, a professora Margarida virá dar continuidade e essa continuidade será apoiada por todos nós. Saio deste espaço, volto para uma outra atividade, mas já transmiti, tanto pessoalmente, como em reuniões ampliadas, que estou à disposição para ser liderado, como, também, estou à disposição para apoiar decisões que venham ser acertadas para o crescimento intelectual do povo desta nossa região.
Você pode deixar uma mensagem de despedida para os servidores da educação, aos estudantes e, em especial, para todos que atuam na 8ª GEE?
É um momento um tanto complicado para a gente emanar mensagens, mas, antes de dizer uma mensagem de despedida do cargo, eu gostaria de dizer o que nos trouxe até aqui. Primeiro, o nosso trabalho é um trabalho alicerçado numa liderança, que tem como objetivo principal o diálogo entre o saber e o não sabido. Isso quer dizer que a escola tem um papel fundamental, que é o papel de construir a ensinagem, de fazer com que o professor, a partir de sua prática, reflita sobre o que vai ser ensinado ao estudante. Então, veja, o professor vai pensar no saber e vai trazer ao aluno que, talvez, não saiba ainda daquilo, mas que, ali irá aprender. Então, teremos aqui uma troca de conhecimento. Nas diversas vezes que fui às nossas unidades escolares e reuniões ampliadas, me utilizo de uma frase de Immanuel Kant, que diz: “Ouse saber”. Ele escreve um texto pequeno sobre o que é o esclarecimento e conclui o texto dizendo isso: “Ouse saber”. E dentro do texto, ele traz outra expressão, que é muito forte para mim: “As trevas da ignorância são dissipadas com as luzes do saber”. Então a nossa função aqui foi justamente garantir que a educação nos seja meramente transmissão. E que ela consiga tocar no estudante, naqueles que trabalham com educação, que ela precisa ser libertadora. Libertadora dos modos de Paulo Freire, mas, também, libertadora no significado da palavra, de garantir ao aluno que ele se desprenda do que que o prende, no caso, a ignorância, que não deve ser entendida como brutalidade, mas como falta de saber. Então, a nossa passagem aqui nos conscientizou que a gente precisava cumprir regras, leis decretos, normativas, portarias. E as portarias em si só são secas e você precisa colocar, também, seu espírito nisso, não é? Inclusive, há um escritor que escreveu um livro chamado “Responsabilidade sem Culpa” (Wilson de Melo Silva). E nesse quesito, ele coloca, justamente, que não é apenas o que está escrito, mas é o que quer dizer. Ou seja, o espírito da lei. A gente, também, trabalhou nessa perspectiva, de cuidar daqueles que produzem, mas, também, daqueles que receberão essa produção. Fazer justamente essa troca. E lá no início da nossa gestão, a gente construiu uma série de objetivos. Já disse há pouco, ninguém consegue a totalidade porque a totalidade é uma situação complexa, não é? E a gente não pode ter uma mente tão miúda e dizer que fez tudo. Não pode. Mas buscamos o que tínhamos pensado. Em algumas ações, nós chegamos a meta e buscamos dobrar aquilo que a gente conseguiu e, depois, conclui, dizendo: “tudo vale apena quando a alma não é pequena”, de Fernando Pessoa. E assim, foi uma experiência vasta, uma experiência linda, uma experiência que todo o professor, um dia, deve passar. E dizer que, se estou aqui é porque a educação vence. Eu estava fadado a não ser muita coisa, mas a educação me transformou. E eu dizia isso aos estudantes. Contar um pouquinho de minha história e dizer aos estudantes: foi a educação que me fez chegar aqui. E é isso que eu quero dizer às pessoas, que estudar sempre é importante, nunca é demais. Quando for, suba mais um pouquinho, é importante. E aí, nessa perspectiva, aproveito, também, para agradecer. Agradeço a todos que se envolveram conosco. A alguns que até se afastaram e esse afastamento foi para dizer que a gente precisava de atenção, em algum ponto que, certamente, exageramos ou faltamos. Então, a nossa perspectiva, aqui,, é aristotélica, o excesso à falta é sempre prejudicial. Então, buscamos o meio termo o tempo inteiro. As vezes, nos excedemos ou nos faltamos , mas a ideia era justamente apoiar os demais e querer que a produção do conhecimento , de fato, ocorresse. E conseguimos muito.
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